domingo, 27 de março de 2011

"ESTOU DECEPCIONADO COM A PM", AFIRMA SOLDADO FERIDO EM BAÍA FORMOSA-RN


Embora a maioria dos policiais procurados pela reportagem tenha preferido o anonimato, surpreendeu o desabafo do soldado Hacenclever Alexandre Tavares Lopes, 34. Ele é um destes sobreviventes (da PM). Escapou por pouco da morte. O caso foi amplamente divulgado pela imprensa após ele e seu companheiro de farda, o também soldado Anderson de Araújo Cantalice, terem sido baleados na cidade de Baía Formosa.

O fato aconteceu no dia 11 de janeiro deste ano, no momento em que eles abordavam dois homens que estavam em atitude suspeita, supostamente planejando um assalto às agências dos Correios da cidade. Ambos foram socorridos, mas o soldado Cantalice não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do hospital. Hacenclever teve melhor sorte e escapou mesmo sofrendo dois disparos à queima-roupa. Um tiro transfixou sua garganta e outro atingiu a barriga.

"Passei 12 dias internado. Depois disso me deram alta. E foi só. Prometeram acompanhamento médico, mas não deram nada. Auxílio saúde não existe para quem é ferido em serviço. Todo o medicamento eu tive que comprar do meu bolso", disse ele. "Também me prometeram bolsas de colostomia, mas nem isso. Depois de dois meses do ocorrido, mandaram uma para mim, mas mesmo assim não serviu, pois não tinha alça para prender. Um absurdo o descaso com o ser humano", indignou-se, reclamando de também não ter recebido assessoria jurídica. "Estou decepcionado com a PM", acrescentou o soldado.

Casado e pai de cinco filhos, Hacenclever mora atualmente na cidade de Nova Cruz. Tem dificuldades para falar e respirar. Sente dores constantes e precisa tomar vário medicamentos. Questionado se pretende desistir da carreira militar, o sobrevivente disse que só não o faz em consideração aos policiais que ajudaram a salvar sua vida. "Tive muito medo de morrer, mas sou um policial e amo que faço. Só não desisto de tudo por causa dos amigos que tenho na PM. Tive medo de morrer", finalizou.

FONTE: Novo Jornal
NOTA DO BLOG: Apesar de ser um direito do policial militar previsto no Estatuto dos Policiais Militares do RN, a assistência médico hospitalar ainda é um problema na PMRN. Se para marcar uma simples consulta é uma burocracia sem precedentes, a recuperação do policial militar ferido em serviço parece ser pior. Atualmente, a Associação de Cabos e Soldados iniciou uma campanha de solidariedade em apoio ao soldado Hacenclever, uma vez que o mesmo está passando dificuldades financeiras para arcar com as despesas médicas, as quais legalmente deveriam ser de responsabilidade da PMRN.


Retirado do blog da Glaucia

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