domingo, 10 de abril de 2011

Pesquisa aponta 66 cidades da PB sem homicídios por dois anos

Valéria Sinésio
Do Jornal da Paraíba

 

Passar a noite conversando com os vizinhos na calçada, dormir com as janelas de casa abertas e convidar um desconhecido para entrar, são hábitos que deixaram de ser praticados há algum tempo devido ao aumento da violência. No entanto, por incrível que pareça, esses costumes ainda são realidade em 66 municípios da Paraíba, nos quais, segundo o Mapa da Violência 2011, nenhum homicídio foi registrado entre os anos de 2006 e 2008. Entre as cidades ‘tranquilas’ do Estado é possível citar Serraria, São Domingos, Poço Dantas e Pilõezinhos. Mas afinal de contas, esses municípios são realmente ‘territórios de paz’ ou a realidade está maquiada por falta de informações?
Na cidade de Mãe d’Água, por exemplo, a população fica até altas horas da noite conversando nas calçadas, sem a preocupação de chegar um bandido, render todo mundo e fazer um ‘arrastão’. Segundo o funcionário público Clóvis Moura, apesar da ocorrência de pequenos casos isolados, a cidade é muito tranquila. “Aqui não tem esse problema da cidade grande...as pessoas se conhecem e ainda cultivam o hábito de colocar cadeiras na calçada para conversar até a hora que achar conveniente”, conta. “Minha família se sente segura aqui na cidade”, comenta.
A tranquilidade é tanta que os funcionários até se atrevem a deixar os estabelecimentos comerciais ‘sozinhos’ por alguns instantes, enquanto vão ao banheiro ou conversar com alguém do outro lado da rua. “Por aqui, ainda bem, não chegou essa onda de violência que assusta as cidades maiores”, diz a manicure Célia Costa, demostrando um certo alívio. “Quando assistimos ao noticiário, dá um medo que um dia nossa cidade também seja alvo da bandidagem”, acrescenta.
Em Marizópolis, no Sertão, onde há apenas 6.173 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a sensação também é de liberdade. “Ah, morar aqui é bom demais, sabia?”, diz orgulhosa a estudante Andréa Santos. Ela conta que gosta de ficar na frente de casa conversando com as amigas. “Também podemos ficar na praça sem preocupação, nossos pais não ficam com medo de que algo ruim aconteça”, explica a estudante, lembrando que a vida das primas que moram em Campina Grande é bem diferente. “Lá, é porta fechada o tempo todo. A sensação é de viver dentro de uma prisão”, afirma.
Areia de Baraúnas é outra cidade onde as pessoas dormem com as janelas abertas. Se o veículo ficar estacionado na frente de casa, não há motivo para preocupação. O último homicídio só existe na memória dos mais velhos (e mesmo assim ninguém sabe dizer quem são essas pessoas que guardam a lembrança). Nessa cidade, violência só nas páginas dos jornais ou nos filmes de terror. O mesmo acontece em Caraúbas, Caldas Brandão, Capim, Cajazeirinhas e Cachoeiras dos Índios. Nesses locais, o máximo que tira o sossego da população são pequenos furtos, brigas de marido e mulher e confusão em mesa de bar.
Porém, de vez em quando uma ocorrência mais grave quebra a tranquilidade. Como aconteceu no município de Capim, na segunda semana de janeiro, quando bandidos explodiram dois caixas eletrônicos da agência bancária da cidade. Em São Mamede, no Sertão, o ataque a agências bancárias também começam a mudar a rotina tranquila dos moradores. Na última quinta-feira, homens armados explodiram um caixa eletrônico do Banco do Brasil e ainda metralharam o posto policial para evitar perseguição. A cena assustou os moradores da pequena cidade, acostumada com dias tranquilas e caminhadas despreocupadas pelas ruas de São Mamede, onde não houve homicídios entre 2006 e 2008.
No período, não foram registrados assassinatos em Vieirópolis, Várzea, Triunfo, Sertãozinho, Serraria, Serra Grande, Serra da Raiz, São José do Sabugi, São José do Brejo do Cruz, São José do Bonfim, São José de Espinharas, São José de Caiana, São Francisco, São Domingos, São Bentinho, Santarém, Santa Inês, Salgadinho, Riacho de Santo Antônio, Riachão do Poço, Poço de José de Moura, Poço Dantas, Pilõezinhos, Pedra Branca, Passagem e Ouro Velho. Compõem a lista também as cidades de Nova Palmeira, Nova Olinda, Monte Horebe, Maturéia, Mataraca, Marizópolis, Logradouro, Lastro, Junco do Seridó, Gurjão e Frei Martinho.

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