terça-feira, 26 de abril de 2011

Exclusivo Lyoto Machida: Dragão na panela

Após duas derrotas consecutivas (para Shogun Rua e Rampage Jackson), o brasileiro Lyoto The Dragon Machida busca redenção no UFC 129, em Toronto, no Canadá, dia 30. Ele enfrentará a lenda norte-americana Randy Couture no card principal e precisa da vitória a todo custo para amenizar pressões sobre o futuro e entrar novamente na rota do cinturão dos meio-pesados (até 93 kg), título que deteve até maio de 2010.

Dono de estilo de luta diferenciado e baseado na movimentação defensiva e nos contragolpes, o carateca baiano/paraense concedeu esta entrevista exclusiva para o Yahoo! Brasil duas semanas antes de finalizar os treinamentos em Belém (PA), onde mora. Ele falou com sinceridade sobre a fase atual, treinos e exigências gerais e pessoais por resultados, além das pretensões para o restante da carreira. Confira!
Foto: AP Muito tem se falado em pressão pra essa luta com o Couture. Particulamente, qual o peso real de tudo isso?
São ambições distintas. Ele está perto de se aposentar, eu corro por fora para me manter entre os melhores. Venho de duas derrotas, há muita coisa em jogo realmente. Mas uma boa atuação alivia tudo isso, seguirei com meu trabalho e a mente sem bloqueios. Pressão também é motivação. É assim que encaro este desafio.

Você disse que ficou mais tranquilo com o futuro após falar com o Dana White. O que foi abordado especificamente nesta reunião?
Ele deixou bem claro que ainda tem interesse em mim, mas espera que eu volte a ter rendimento convincente dentro do meu estilo. Esperam que eu me apresente de forma sólida, independente de vencer ou perder. Isso me acalmou, mas sei que há todo um panorama envolvido. Entendo o lado deles (UFC) também. O Dana é um vendedor de lutas, atua conforme o mercado.

Muda a relação do lutador campeão daquele que não tem o título para o Dana White? Você sentiu alguma mudança no tratamento em geral?
Pessoalmente não tem diferença. Mas certamente o nome perde peso em divulgação e carisma. Isso reflete na hora. A dinâmica do MMA é cada vez mais frenética. Tudo gira em torno de quem tem moral para vender mais e proporcionar os melhores combates.

Randy Couture já é veterano e declarou não ter mais ambição de título. Você encara essa luta como algo que pode colocá-lo novamente na mira do cinturão ou mais uma chance de recomeço?
Encaro totalmente como forma de recomeço. Preciso desta vitória como pessoa e como atleta. Voltar ao trilho do título vai ser consequência daí para frente.

Couture já revelou abertamente que usará a estratégia de clinchar contra a grade, tentar quedas e 'dirty boxing'. Ele ainda poderia surpreender e mudar isso de alguma forma? 
Tenho estudado todos os combates dele e vejo praticamente o mesmo estilo. Pouca coisa muda, não é do tipo ‘água para o vinho'. Assim, minha tática básica será usar movimentação e golpes característicos também, não existe necessidade de inventar muito. O segredo está sempre em detalhes que alteramos de acordo com cada adversário e que muitas vezes passam despercebidos por quem assiste.

Então esses fatores foram alterados com mais intensidade nos treinamentos?
Reforçamos bastante a parte de wrestling. O Glover (Teixeira, lutador de MMA e luta olímpica) e o Diego Rodrigues (também atleta da modalidade) me ajudaram a finalizar a preparação nestes aspectos. Claro que não vou para a disputa franca de clinch e quedas com o Couture, seria insensato bater de frente com isso. Mas preciso ter padrão defensivo lapidado neste sentido para me livrar de enrascadas.

Como você se vê no panorama da categoria atualmente? Há quantas lutas você estaria distante do Jon Jones?
Não dá muito para saber. Depende do que vai acontecer contra o Couture. Como vou me portar, como será o resultado, é uma série de fatores. As possibilidades são muito amplas no MMA de hoje em dia. Hoje você está no topo, amanhã não está, depois de amanhã se machuca. É melhor não cogitar muito isso por hora.

E como veria um confronto contra o Jones? O que você considera essencial contra esses lutadores da nova geração?
Ele é o cara a ser batido. Talvez a receita mais direta para vencê-lo esteja mesmo nos contragolpes. O talento de todos que atuam no UFC é muito homogêneo. O que tem pesado mais, na minha opinião, é o preparo físico impressionante que esses novos lutadores têm. Equilibrar esse aspecto poderia ser bom começo para depois não ficar atrás tecnicamente.

Já digeriu totalmente aquela derrota por pontos para o Rampage (UFC 123, em novembro, por decisão dividida). Gostaria de revanche?
Já é passado. Mas achei aquela atitude do Rampage muito digna (após vencer, o norte-americano fez cara de surpreso e levantou o braço de Machida, como se reconhecesse que ele seria o vencedor). Ainda gostaria de disputar a revanche, mas não vejo isso como algo primordial.

Você acha que o fato do Dana White ter reconhecido publicamente a vitória do Shogun na primeira luta (vitória polêmica de Machida por pontos) de vocês e todo aquele clima desfavorável criado com isso para o segundo combate (vitória por nocaute de Shogun) te prejudicou?
Esse fato pesou sim. Como disse antes, Dana White vive de vender combates e isso facilita para criar algumas situações que não são agradáveis para todo mundo, mesmo que de forma indireta e impessoal. Além disso, lutar com e sem o cinturão tem diferença gigantesca. Quando se está no topo, você é estudado, analisado e todo mundo cria anticorpos para o seu veneno. Mas aprendemos a lidar com tudo isso de acordo com a vivência no esporte.

Do Yahooesportes

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