E quem mais sofre com a falta de respeito ao serviço policial é a própria população que necessita do atendimento e fica impossibilitada de ser assistida rapidamente pelo congestionamento das linhas. Nas férias, quando as pessoas ficam mais tempo em casa e a cidade recebe visitantes, o coronel alerta que o problema é ainda maior.
“Em fevereiro, por exemplo, nós registramos 66 ligações de um mesmo usuário passando trote. Já temos mecanismos para identificar esses números e quando se trata de ‘brincadeira’ nem mandamos viaturas. O grande problema é que eles ocupam as linhas, impedindo que outras pessoas sejam atendidas”, lamenta o coronel, acrescentando que em alguns casos os teleatendentes ainda são agredidos verbalmente por quem passa os trotes.
No 192, número utilizado para o atendimento dos usuários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o alto índice de trotes se repete. Conforme Gilmore Lins, gerente administrativo do Samu, em 2010, em média 60% das ocorrências eram ‘falsas’, número que diminuiu para 43% este ano. “Hoje recebemos cerca de 24 mil trotes por mês, uma média de 800 a cada 24h e que representa 43% das ligações totais”, frisou. Mais uma vez, a brincadeira de mau-gosto feita por uns, atrasa o socorro às vítimas que realmente necessitam do atendimento.
Gilmore destaca ainda que o Samu tem realizado palestras e campanhas educativas em escolas públicas e privadas, distribuindo panfletos e fazendo simulações do funcionamento do serviço. O trabalho vem contribuindo para a diminuição no número de trotes, que na maioria dos casos são praticados por crianças e adolescentes. Com o objetivo de baixar ainda mais esse percentual, o Conselho de Segurança da Região de Mangabeira (Consen), em parceria com o comando da Polícia Militar e outros órgãos de segurança, está implantando um projeto de orientação aos alunos de escolas públicas do Estado.
Segundo a presidente do conselho, Abimadabe Vieira, a ideia é trabalhar dentro de um programa que já é executado nas instituições de ensino, o ‘Segurança e cidadania também se aprende nas escolas’. “Vamos aproveitar as palestras e questionários para itensificar a questão dos trotes”, disse Abimadabe, explicando que o primeiro passo é fazer um diagnóstico das escolas, por meio de questionários, e a partir daí convidar autoridades da área de segurança para tratar das temáticas com os alunos.
O ano passado, o projeto foi executado em dois colégios: Caique e o Professora Maria Jacy Costa, ambos em Mangabeira, em João Pessoa. Para este ano, a meta é visitar 800 escolas estaduais da Paraíba, através de parcerias com a Superintendência de Transportes e Trânsito de João Pessoa (STTrans) e Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Passar trote é crime, com pena de detenção que pode variar de um a três anos, além de pagamento de multa, de acordo com o artigo 266, do Código Penal Brasileiro. O delito também pode se encaixar em outros artigos, como o 340.
PortalPB1
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