sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Policial preso em megaoperação da PF é primo do traficante Marcinho VP

PM estava cedido à Delegacia de Combate às Drogas, segundo a PF.
Operação deflagrada nesta sexta tem 35 presos, incluindo 27 policiais.

Um dos policiais militares presos durante a megaoperação da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Polícia Federal do Rio de Janeiro deflagrada nesta sexta-feira (11) é primo do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que é chefe da facção criminosa que teria orquestrado os ataques no Rio em novembro do ano passado e cumpre pena no presídio de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia. Segundo informações da Polícia Federal, o primo de Marcinho VP é terceiro-sargento e estaria cedido à Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).
A ação, que investiga o envolvimento de policiais com traficantes, milícias e a máfia dos caça-níqueis, já prendeu 35 pessoas, sendo 27 policiais (19 PMs e 8 policiais civis). Eles receberiam propina para passar informações de operações a criminosos e venderiam material apreendido. Entre as apreensões desviadas estaria parte do que foi encontrado no Conjunto de Favelas do Alemão, em novembro do ano passado.
Um dos procurados na megaoperação da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Polícia Federal, o delegado Carlos Oliveira se entregou à tarde na sede da Polícia Federal, no Centro do Rio, onde presta depoimento na noite desta sexta-feira. O delegado já ocupou o cargo de subchefe operacional da Polícia Civil e, há pouco mais de um mês, havia assumido a subsecretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop).
Ainda segundo informações da PF, após prestar depoimento, Oliveira deverá ser encaminhado para o presídio Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste.
Em nota oficial, a prefeitura do Rio anunciou nesta manhã que iria exonerar Carlos Oliveira. "Ele já tinha saído da polícia. A situação dele está posta e está muito ruim. O que mais interessou foi saber quem estava fazendo. Se vendeu um ou 10 fuzis, a gravidade é a mesma", disse nesta manhã o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.
A delegada Márcia Becker chegou à sede da PF nesta manhã para prestar esclarecimentos. Ela era titular da 22ª DP (Penha) durante as ações na Vila Cruzeiro e no Alemão, em novembro do ano passado, e já esteve à frente da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae) e da 17ª DP (São Cristóvão). No início da ação, agentes vasculharam armários das delegacias da Penha e de São Cristóvão. De acordo com a Secretaria, os agentes procuraram, sobretudo, materiais que podem reforçar as acusações contra os suspeitos.

Informantes e escutas
Para chegar aos suspeitos, a polícia contou com a ajuda de informantes, escutas telefônicas, fotografias e filmagens. A ação conta com 580 agentes e visa cumprir 45 mandados de prisão e 48, de busca e apreensão, em bingos, residências e estabelecimentos comerciais. Com lanchas, agentes também fazem buscas na Baía de Guanabara atrás de corpos de possíveis vítimas de milícias. Entre os procurados, 30 são policiais civis, militares e delegados.
"O objetivo primário da operação é alcançar policiais que vazam informações a grupos de criminosos. Em 2009, uma operação tinha objetivo de prender um dos líderes da Rocinha. A operação vazou e o vazamento foi investigado. A partir de uma prisão, a PF conseguiu avançar na investigação o que gerou a Operação Guilhotina", explicou o superintendente da PF, Angelo Fernando Gioia, em entrevista coletiva na sede da PF nesta manhã.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, lembrou ainda que uma pessoa presa em Macaé acabou servindo de testemunha.
"Não vou abrir mão de qualquer tipo de parceria, de quem quiser me ajudar. O problema do Rio é antigo e sério e, graças a Deus, temos encontrado parceiros e acredito ter dado respostas à  sociedade. Se eu fizesse sozinho, prenderia 9,10,11 pessoas. Polícia nenhuma do mundo vira a página enquanto tiver em seus cargos esse tipo de gente", resumiu Beltrame.
O chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Turnowski, chamou o delegado Carlos Oliveira de "traidor", depois de prestar esclarecimentos sobre as investigações na Polícia Federal nesta manhã. De acordo com a Secretaria, a ação foi comandada pelo órgão e Turnowski pode ajudar nos trabalhos. Em entrevista, Beltrame reiterou a confiança em Alan Turnowski.

Investigações
Segundo a Secretaria, a ação teve início em 2009, quando agentes tentavam prender o traficante Roupinol, comparsa do traficante Nem, na Rocinha. Na ocasião, policiais do estado do Rio atuaram junto com agentes da Polícia Federal de Macaé, no Norte Fluminense, depois de um vazamento de informações.
Com três testemunhas e um farto material, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, chegou a ir a Brasília pedir à chefia da Polícia Federal que fosse feita uma parceria entre as forças de segurança, já que a PF também havia participado da operação conjunta há quase 2 anos e seguia investigando o grupo.
Participam da ação desta sexta, além de policiais federais e agentes da Secretaria, a Corregedoria Geral Unificada e o Ministério Público Estadual.

Fonte: G1

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